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13/12/2010

Sêmen estranho?

Pergunta: “Olá Dr. Health, hoje estava praticando um self-sexo e ao ejacular percebi que meu esperma parece um tanto estranho.

Nunca tinha reparado nelo, pois só transo de camisinha com minha namorada, então não tem porque eu ficar olhando como está o esperma. Mas hoje olhei de perto e ele me é estranho.

Tipo assim, na gozada total, o meio dela ficou com a parte branca que parece ser um monte de papel molhado que se juntou e no canto, ficou liquido como água. Como bom apreciador de pornôs, pra mim e esperma deveria ser todo uniforme, mas o que está saindo de mim parece um monte de papel juntado.

Tem alguma ideia de que raios isso possa ser? Será que estou com defeito de fabricação?”

Olá, caro leitor,

Para elucidar sua dúvida, vamos à raiz do “problema”. O sêmen humano.


Link YouTube | Cena clássica do filme “Everything You Always Wanted to Know About Sex” (Woody Allen)

A composição do sêmen humano

O sêmen é um líquido de aparência gelatinosa e coloração branco-acinzentada, que tem como função prover um meio de transporte eficaz para os espermatozoides se deslocarem até o local de fecundação da mulher. Possui basicamente dois componentes.

1. Espermatozoides: São produzidos pelos testículos e dispensam apresentações. Numa ejaculação normal, saem 200 a 600 milhões deles. Respondem por apenas 2 a 5% do volume seminal.

2- Plasma seminal: 95% do volume seminal corresponde ao plasma seminal, de composição diversificada. É produzido conjuntamente pela próstata, vesícula seminal e glândulas bulbouretrais. Possui algumas funções importantes, como fornecer um meio nutritivo e protetor para o deslocamento dos espermatozoides em seu trajeto no trato reprodutor feminino. O sêmen é rico em frutose, um açúcar que é o principal alimento dos espermatozoides.

O pH do sêmen é básico, entre 8,1 e 8,4. E isto tem um porquê: a acidez elevada do trato reprodutor da mulher, devido ao ácido lático produzido pela microflora vaginal, é nociva aos espermatozoides – o sêmen têm uma função de contrabalanço. Além disso, o interior da vagina e do útero é muito viscoso e recheado de células imunes. As proteínas contidas no sêmen fornecem um ambiente fluido e de proteção ao DNA contido nos espermatozoides contra uma acidez que pode desnaturá-lo.

Um exemplo disso são as prostaglandinas, produzidas pela vesícula seminal, que atuam suprimindo a resposta imune da mulher aos “corpos estranhos” que são os espermatozoides e o zinco, secretado na próstata, que ajuda na estabilização do DNA espermático. Uma deficiência de zinco reduz a fertilidade justamente pela falta de proteção ao material genético do espermatozóide.

O que acontece quando ejaculamos

E agora, respondendo à sua pergunta, veja o que ocorre ao ejacularmos.


“Eu usei meu próprio esperma pra grudar isso”

O sêmen apresenta aspecto denso, acentuado ainda mais após a ejaculação. Isto se deve a uma coagulação de várias proteínas do sêmen, algo extremamente benéfico para a reprodução. Tal coagulação tende a manter a maioria do sêmen grudado por precisos instantes no local onde ele caiu – o colo do útero, idealmente, claro. Com isso, fica mais fácil para os espermatozoides penetrarem no útero e cumprirem sua missão.

Aos onanistas de plantão, que já deixaram suas marca na parede de uma privada: já observaram que muitas vezes o fluxo da descarga não consegue retirar o sêmen da parede do vaso? É um exemplo dessa coagulação do sêmen. E também já devem ter observado que, pouco tempo depois, mesmo sem dar a descarga, não fica mais nada ali. Isto ocorre porque, esgotando o potencial coagulatório, o sêmen torna-se totalmente fluido.

Tá, mas e a parte líquida ao redor que o leitor observou? O sêmen funciona como o sangue humano, que, quando forma uma poça, a parte central coagula e a parte periférica fica como uma “aguinha”. No sêmen, esta parte líquida é basicamente a água e o muco, que deixaram de estar em solução com as proteínas seminais.

Ou seja, nada de errado com você. Normalzinho da Silva.

Dr Health, informando aos(às) degustadores(as): As aminas básicas putrescina e cadaverina, produzidas durante a decomposição corporal pós-morte, encontram-se em nível considerável no sêmen, contribuindo para seu cheiro e gosto.


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