
A festa religiosa que comemora a libertação e o começo de uma vida nova para os judeus
A Páscoa Judaica ou Pessach é uma festa religiosa comemorada pelo povo judeu e lembra a passagem da escravidão no Egito para a condição de liberdade, conforme evento descrito no Torah (Livro Sagrado dos Judeus) de acordo com os autores Paulo Cesar Tomaz e Sandra de Cássia Araújo Pelegrini. Comemorada anualmente por judeus no mundo todo durante o mês de abril, a preparação da Páscoa judaica segue ritos bem característicos com orações e também a elaboração de pratos específicos para essa ocasião.
Esta festa, segundo o calendário judaico, acontece entre os 15º e 23º dias de Nissan, primeiro mês do calendário judaico, o que equivale a março ou abril do calendário cristão. Esta data marca o nascimento dos judeus como povo, muito antes do nascimento de Cristo, há mais de três mil anos. Ela significa a comemoração da libertação dos israelitas da escravidão no Egito para buscar a liberdade na terra de Canaã, local onde poderiam praticar sua religião e seus costumes de acordo com suas tradições. Essa passagem marca um novo significado para a celebração da Páscoa Judaica, já que anteriormente, possuía um caráter mais pastoral e agrícola. A partir deste momento, a páscoa adquiria um significado religioso, de uma festa em celebração a uma vida nova, a fertilidade da terra e as novas conquistas.
Os alimentos da Pessach
O alimento mais característico é o pão cotazo ou pão magro, que é um pão sem fermento. Ele simboliza a pressa da partida do povo judeu que não podia esperar para que a massa do pão levedasse, como pode ser visto no livro de Êxodo, capítulo 12: "no décimo quarto dia de Nissan deve-se dar a retirada de todo fermento (chametz) de dentro da casa, visto a lei proibir a ingestão de qualquer alimento levedado durante o período da festa." Assim, os judeus podem se alimentar do pão ázimo, que é um pão sem fermento.
Outros alimentos também são comuns como a pasta de amêndoas e o grão de bico, o carneiro assado, o ovo cozido que simboliza a transformação da vida, o uso da erva marôr que tem como simbologia a vida amarga que os povos sofreram durante a escravidão no Egito e o charôsset que é um doce de consistência pastosa com sabor suave feito a partir da mistura de nozes, amêndoas, tâmaras, canela e vinho. A sua textura e cor lembram a terracota que remete à argamassa usada no trabalho dos hebreus ao fazerem tijolos no Egito.
O Seder Pascal é uma sucessão de procedimentos para se fazer uma reconstituição simbólica da história da saída dos judeus do Egito narrada pelos membros da família e seus convidados ao redor da mesa. Assim, são dispostos na mesa de refeição os alimentos simbólicos.
De acordo com a Revista Visão Judaica, a disposição dos alimentos na mesa deve obedecer a seguinte ordem: "No Sêder, prepara-se a mesa da seguinte forma: no centro de uma bandeja colocam-se três matzot (pães asmos), que representam os três grupos de judeus: Cohanim, Leviim e Israel. Ao lado dessas matzot, colocam-se os seguintes símbolos:
Zeroá - Pedaço de osso do cordeiro ou ovelha, que se coloca na parte superior, à direita da bandeja. Este osso simboliza o poder com que Deus nos tirou do Egito e o cordeiro nos lembra o cordeiro pascal, sacrificado no Templo.
Betsá - Ovo cozido: colocado na parte superior à esquerda da bandeja, simboliza uma lembrança do sacrifício que se oferecia em cada festividade. Uma das inúmeras ideias relacionadas com o ovo colocado como símbolo na travessa do sêder é de que, normalmente, um alimento quanto mais é cozido, mais macio se torna. No caso do ovo é o contrário; quanto mais se coze, mais duro se torna. Assim é o povo judeu: quanto mais é oprimido ou afligido, como ocorreu no Egito, mais fortalecido e numeroso se torna.
Marór - Erva amarga, colocada no centro da bandeja, simboliza o sofrimento dos judeus escravos no Egito. Usa-se escarola, verdura mais amarga que alface.
Charósset- Mistura de nozes, amêndoas, tâmaras, canela e vinho. Colocada na parte inferior à direita da bandeja, representa a argamassa com a qual os judeus trabalhavam na construção das edificações do faraó.
Karpás - O salsão, colocado embaixo, à esquerda. Essa verdura, molhada em vinagre ou água salgada, serve para dar o "sabor" do Êxodo. Lembra o hissopo (Ezov) com o qual os israelitas aspergiram um pouco de sangue nos batentes de suas casas, antes da praga dos primogênitos.
Chazéret - Escarola. Coloca-se sob o Marór. Além disso, coloca-se na mesa: Um recipiente com água salgada, em que se mergulham as verduras. Lembra o mar. E a taça para cada um dos presentes."
Muitas famílias mantêm essa tradição ao comemorar a Páscoa Judaica. A festa tem caráter simbólico e tem como objetivos principais relembrar as dificuldades sofridas pelo povo judeu durante o período da escravidão, mas, além disso, busca na confraternização simbolizar também a ideia de uma vida nova, uma passagem e transformação. Os alimentos consumidos durante esta festa tem ligação direta com a tradição do povo hebreu e servem para manter viva a história por várias gerações.
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