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28/09/2010

Mudar é preciso


Por que tantas pessoas têm medo de fazer mudanças e enfrentar o novo?

Marina*, 32 anos, é formada em administração e trabalhava na área, mas decidiu largar o emprego e, com o apoio do marido, voltou aos bancos universitários. Estudou mais quatro anos e, hoje, professora, sente-se realizada dando aulas. Já Leila*, 34 anos, secretária de uma empresa, cursou pedagogia, fez cursos de especialização, mas não quer largar o emprego atual para começar a trabalhar como pedagoga. Diz que não trocaria um ambiente de trabalho em que já conhece a todos e a rotina como secretária para se aventurar em uma nova função.

Você já deve ter ouvido ou conhecido pessoas que passaram por situações semelhantes - as que mudaram o rumo de suas vidas sem grandes dificuldades e aquelas que, mais "conservadoras", preferem manter as coisas como estão. O que difere um tipo do outro, de acordo com o psiquiatra e psicanalista Luiz Alberto Py, é a coragem (ou a falta dela) para mudar. Ele explica que as pessoas são diferentes e reagem de maneiras diversas às situações da vida. "Todos temos medo do novo e, frente a ele, as pessoas se acovardam ou não", complementa.

“Todos temos medo do novo e, frente a ele, as pessoas se acovardam ou não”

O psiquiatra afirma que algumas pessoas percebem a mudança como algo ameaçador e, diante desta ameaça, deixam escapar oportunidades melhores de emprego, a possibilidade de conhecer novas pessoas e culturas ao ir morar em outro lugar, e até mesmo de serem mais felizes vivendo novos relacionamentos amorosos.

As mudanças, no entanto, fazem parte da vida e devem ser encaradas como algo positivo e enriquecedor. É claro que o receio e as dúvidas são comuns quando há uma novidade ou uma quebra de paradigma. Porém, é a forma como valorizamos os prós e contras de uma possível mudança que fazem com que a enfrentemos ou nos acovardemos.

Medo de errar

As diferentes experiências de vida e alguns fatores inatos, como a iniciativa, a coragem e a autoconfiança, podem explicar por que as pessoas agem de diferentes maneiras diante de situações parecidas. Luiz Alberto Py deixa claro que podemos nascer com essas características de valentia e ousadia, mas, por outro lado, a formação também tem papel importante na aquisição delas.

"Se um pai ou uma mãe diz para um filho: ‘não faz isso', ‘é perigoso' a todo momento - ou seja, o proíbem o tempo inteiro - a criança entenderá a mudança como algo ruim, absorverá o medo de experimentar, de ousar. No entanto, se ele é estimulado a enfrentar, torna-se mais valente, passa a encarar as mudanças com facilidade", esclarece o psiquiatra.

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