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12/08/2008

Adoção: realização de um sonho ou responsabilidade?


Segundo dados da Associação dos Magistrados Brasileiros, 80 mil crianças vivem em abrigos no Brasil. Porém, a adoção, que antes era realizada principalmente por pessoas que não podiam ter filhos, passou a fazer parte de famílias completas ou de pessoas que acreditam que é possível amar uma criança adotada tanto quanto se ama um filho de sangue.No Brasil, a procura por crianças acima de quatro anos aumentou nos últimos anos, mas ainda existe a preferência por crianças com menos de um ano de idade, brancas, do sexo feminino e sem sinais de qualquer problema de saúde. Para as crianças abandonadas, serem adotadas e ganhar um lar cheio de amor é o maior presente da vida. Segundo a psicóloga e terapeuta familiar Maria Luiza Dias Garcia, existem casos de adoção em que a criança é devolvida, pois ela ou os pais não se adaptaram.A psicóloga afirma que as adoções ainda são, em sua maioria, feitas por pessoas que não podem ter filhos, mas que, hoje em dia, “uma mulher que trabalha bastante e valoriza a carreira pode achar mais fácil adotar uma criança do que enfrentar nove meses de gravidez”. Segundo ela, pode ser também uma opção para pessoas que querem mais um filho, mas de outro sexo.Algumas celebridades dão o exemplo de amor e responsabilidade social. É o caso do casal mais famoso de Hollywood, Brad Pitt e Angelina Jolie, que tem três filhos de sangue e três adotivos. Apesar de alguns considerarem esse ato como uma forma de marketing pessoal, há aqueles que acreditam que o casal tenha adotado essas crianças apenas para se promover.O aposentado Carlos Alberto Duarte Freire, 60, conta que sempre quis ter um filho, mas não conseguia, até que uma pessoa que trabalhava numa instituição ligou para ele e para a esposa perguntando se queriam adotar uma criança. “Foi também um ato de responsabilidade social, mas eu nunca pensei nisso, porque adoção não é uma caridade. Adoção é um filho que está nascendo. A responsabilidade foi mais da pessoa que colocou para adoção, porque ela pensou na criança, pensou que ela poderia ir para um lar onde ela fosse muito bem cuidada.”A adoção por homossexuais ainda causa polêmica, mas ela só depende da aprovação de um juiz, pois o importante é que a criança possua um lar onde haja amor, respeito, lealdade e que atenda as necessidades básicas dela. Porém, ainda há o preconceito por parte de pessoas que acreditam que as crianças procuram imitar os pais, pois os têm como modelo. Mas isso não é comprovado. Filhos de heterossexuais podem, também, se revelar homossexuais mais tarde.A principal dúvida dos adotantes é: quando contar para o filho que ele é adotado? Maria Luiza Garcia diz: “A hora certa é igual às de outras questões de desenvolvimento, é a hora em que a criança pergunta, pois se pergunta é porque deseja saber e se sente razoavelmente preparada para ouvir a resposta”. O aposentado concorda com a psicóloga. “Meu filho sabe desde pequeno que é adotado (hoje ele tem 31 anos) e nunca teve problema com isso”, diz.Para os engajados que ainda não querem ser pais, é possível ser responsável ajudando crianças de todo o mundo, apadrinhando-as. O apadrinhamento significa contribuir mensalmente com uma quantia em dinheiro para ajudar nas necessidades básicas de algumas crianças carentes. Para isso, existem programas como o ActionAid e o Visão Mundial, que priorizam crianças de comunidades pobres.

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