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08/09/2010

Humanização das empresas


Conheça o novo modelo estratégico de boa cidadania corporativa


Cada vez mais as empresas de diversos setores buscam seus diferenciais competitivos em outras questões que não apenas preço. A humanização nas relações, seja ela com funcionários, clientes, fornecedores, acionistas, governo e a sociedade há muito está em foco. Estamos diante de um novo modelo estratégico que não tem mais volta e a ele chamamos de boa cidadania corporativa.

Durante muito tempo as empresas, para serem competitivas, deveriam ter produtos com qualidade, preço bom e serviços agregados. Hoje isso é obrigação. O mundo corporativo tem mais coisas com que se preocupar: preservação do meio ambiente e melhoria da qualidade de vida dos seus funcionários e da comunidade ao redor. Essa pressão vem do poder que as empresas conquistaram nos últimos 30 anos: são elas que geram empregos, conhecimento, tecnologia e concentram as pessoas inovadoras que fazem as coisas acontecerem. Empresas socialmente responsáveis geram valor - principalmente para si próprias.

Fidelização do funcionário


Manter um ambiente de trabalho confortável, benefícios estimulantes, respeito a opiniões e iniciativas não são atitudes "boazinhas", mas estratégias. As empresas sabem que funcionários e clientes felizes geram mais lucros. Isso é comprovado a cada ano na análise concorrida das "Melhores empresas para você trabalhar", das revistas "Exame" e "Você S.A., que avaliam a excelência nos ambientes de trabalho e melhoria constante na relação com os clientes finais responsáveis por aumentar suas rentabilidades.


Para Cristina Leão, consultora empresarial e dona da Recicle Gente, as empresas pensam em cuidar melhor dos seus funcionários não só para vê-los sorridentes, mas para retê-los. "Hoje todo mundo presta atenção em como as pessoas se sentem nos seus locais de trabalho. É o termômetro da felicidade que agrega valor ao atendimento e faz as pessoas quererem fazer parte daquele mundo", explica. Segundo Cristina, empresas cidadãs atraem e retêm talentos. "Seus colaboradores querem vestir a camisa e fazer parte de uma história bonita, em uma empresa correta", finaliza.

Impessoalidade x comunicação


Para otimizar o tempo, dentro de uma organização, muitas vezes o diálogo com pessoas da mesma área, sentadas na mesma sala é realizado por email ou mensagem. Segundo o consultor Marco Vidon, investir em tecnologia é válido, mas "não podemos continuar pensando em pessoas como meros números, que se comportam de acordo com estereótipos pré-definidos, desprovidas de emoções e sentimentos próprios. As empresas precisam se humanizar".


Valorizar o ser humano, respeitar as necessidades e peculiaridades de cada indivíduo e buscar o melhor de cada um são os princípios da premiadíssima empresa de tecnologia Nasajon Sistemas, uma das melhores para se trabalhar, segundo a revista Exame. Carla Coelho, supervisora de RH, afirma que o processo de humanização pode ser visto no dia a dia. "A empresa realiza várias ações nesse sentido, mas é o relacionamento diário entre diretores, gerentes e demais colaboradores que deixa transparecer o resultado dessa cultura", declara.

Entre os benefícios de se trabalhar na Nasajon destaca-se a Sala Zen, um espaço para relaxar, tirar uma sesta após o almoço, aliviar uma dor de cabeça. "É usado com freqüência, mas com bom senso. Em nenhum momento, em seus sete anos de existência, foi necessário instituir regras de uso do espaço", revela Carla. A empresa disponibiliza ainda um canal neutro para os funcionários expressarem qualquer tipo de insatisfação, conflito ou dificuldade no ambiente de trabalho, sem o desconforto de enfrentar algum tipo de constrangimento. "O trabalho é realizado por uma psicóloga e é muito bem aceito", garante Carla.


A empresa também incentiva o cuidado com o corpo. As campanhas que orientam uma postura correta e a ginástica laboral fazem muito sucesso. O trabalho é realizado por uma fisioterapeuta que realiza sessões de fisioterapia quando necessário. Para integrar os funcionários a Nasajon lançou o Nasagente Miúda e leva os filhos dos colaboradores para conhecer o local de trabalho de seus pais. "Eventos de integração como passeios a sítios, de barco, jantares de confraternização são comuns para fomentar a integração e lazer dos funcionários e seus familiares", afirma.

A empresa e a sociedade


A doutora em Sociologia, especialista em temas empresariais, Ana Maria Kirschner, defende a tese de que a empresa é um sistema social que ultrapassa os objetivos econômicos, ao mesmo tempo socializador e socializado. "Hoje em dia as empresas têm maior responsabilidade social e ambiental e um comportamento mais ético e transparente.

Valorizam a cooperação entre os funcionários, a negociação de interesses e o respeito entre chefes e seus subordinados para garantir a motivação", defende. Para ela esse ajuste nas relações de trabalho é uma forma de suscitar ações coletivas, a solidariedade, a comunicação e a criatividade dentro do sistema social da empresa.


"É dever da empresa responsável fazer as pessoas acreditarem e participarem na construção de uma mundo mais humano", declara o professor de ética profissional na PUC/RJ, João Sucupira. Para ele hoje há grupos que visam à humanização das empresas e "buscam outro sentido para produtividade a partir da visão do ser humano". Esse é o caminho das melhores empresas para se trabalhar e são elas que terão o respeito e a admiração da sociedade.

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