
Cães ajudam na reabilitação psíquica e emocional de pessoas com necessidades especiais
Você já ouviu falar em cinoterapia? Nova abordagem terapêutica tem como diferencial o uso de cães como coterapeutas no tratamento físico, psíquico e emocional de pessoas com necessidades especiais. Ajuda a realizar atividades lúdicas que estimulam o equilíbrio, a fala, a expressão de sentimentos, a imaginação e o autoconhecimento com resultados comprovados. Alguém acha que, com simpáticos cachorrinhos por perto, haveria possibilidade de ser diferente?
Profissionais das áreas de saúde e educação utilizam esse instrumento como reforçador, estimulador e facilitador da reabilitação e reeducação global do paciente. Fisioterapeutas, psicólogos, psiquiatras, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e pedagogos acreditam na capacidade dos peludinhos despertarem emoções comunicativas no ser humano. "A cinoterapia contribui para a melhoria da qualidade de vida dentro de uma perspectiva interdisciplinar", diz Isabel Barros, psicóloga e psicopedagoga, que utilizou a técnica na APAE da cidade de Sabará, em Minas Gerais.
O trabalho deve ser em conjunto com um veterinário que entenda do assunto. "A cinoterapia alia a parte de saúde pública à da parte fisiológica e comportamental dos animais, além da interação animal-paciente", orienta o médico veterinário Heverton Gonçalves. A base do tratamento é a estimulação cerebral. "Os próprios pacientes conseguem realizar as atividades", diz o especialista.
O diferencial da cinoterapia em relação à equiterapia é o tipo de estímulo dado ao paciente. "O tratamento com cavalos se baseia nos estímulos da movimentação pélvica dos pacientes, com o andar dos cavalos, e no equilíbrio para se manter em cima do animal. Já com os cães tentamos fazer com que as crianças e os idosos realizem os movimentos que haviam sido perdidos", ressalta Heverton.
Atividade X Terapia
Os especialistas ressaltam que é importante saber distinguir a atividade assistida da terapia assistida por animais. A primeira não requer um profissional. Ou seja, o cão pode ir à uma creche ou asilo para que as pessoas possam acarinhá-lo, por exemplo. Não é direcionado a uma pessoa somente e traz benefícios educacionais, recreacionais ou motivacionais a partir do contato com o animal. Já a terapia precisa, necessariamente, ser feita por alguém qualificado. Além disso, o trabalho é personalizado de acordo com os objetivos a serem alcançados.
É importante lembrar que a cinoterapia é um tratamento complementar. "O uso dos cães não exclui o tratamento convencional", diz a fisioterapeuta Shirley Gomes, que alerta sobre o tempo para colher os resultados. "Sempre em longo prazo", observa. Portanto, sem pressa!
Benefícios
Os benefícios da terapia com cães são inúmeros. O método é válido para todas as idades e circunstâncias, mas no caso de idosos os resultados são bastante satisfatórios. Para as crianças, então, nem se fala! "Elas se sentem mais empolgadas a realizar o tratamento, pois têm a noção de estar no comando, já que quem dá a ordem aos animais são elas. Há uma diminuição da dor e aumento da segurança", relata Heverton. De acordo com sua experiência, Isabel Barros enumera bons resultados no atendimento de crianças com transtorno invasivo, síndrome de Down, deficiência mental e disfunção neuromotora.
O sucesso do tratamento passa pela sua aplicabilidade e resposta dada pelo paciente. "A cinoterapia favorece a socialização, abre espaço para a convivência em grupo, ajuda na inclusão de crianças com necessidades educativas especiais. Permite trabalhar a emoção, a comunicação, a marcha, a coordenação motora fina e grossa, o equilíbrio dinâmico e estático, a fala, a afetividade, o companheirismo, a atenção, o interesse, a tolerância", explica a psicopedagoga.
Mas não são somente os pacientes que saem ganhando, não! Para os cães-terapeutas, isso é um excelente negócio. "Eles precisam gastar energia e, com essa atividade, trabalham a parte de sua socialização e equilíbrio emocional”, conta o veterinário.
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