Na pindaíba

Seu namorado não tem grana. E agora?

O coração simplesmente não escolhe por quem vai se apaixonar. Ele é lindo, carinhoso, inteligente, engraçado, fofo, enfim, é o genro que sua mãe sempre sonhou! Parece não faltar mais nada para que vocês dois sejam o casal mais feliz e apaixonado do mundo, mas viver de amor só dá certo em comédia romântica.

Se você pensa o contrário, não reclame se faltar um jantar especial no Dia dos Namorados, se seu presente de aniversário for adiado e o do Natal, ignorado. Surpresas mais sofisticadas, então, esqueça! Contente-se com um chocolatinho, porque qualquer luxo já prejudica o orçamento no fim do mês. Aliás, já vai preparando umas almofadas, afofe bem o sofá porque, provavelmente, você vai saber a programação da TV de cor e salteado.

Thalita Nascimento, 21 anos, sabia muito bem como era essa situação. A família de seu ex-namorado não era muito favorecida financeiramente e, como estagiário, seu salário não era lá muito farto. “Era meio chato, porque muitas vezes eu tinha que ficar em casa, já que ele não tinha dinheiro para sair. Ele não gostava que eu pagasse, mas eu não aguentava ficar em casa o fim de semana inteiro”, conta.

Bancar o namorado também fazia parte do cotidiano de Victoria de Jorge, 21 anos. Ele ganhava dinheiro como nadador; mas, ao deixar o esporte para focar mais na faculdade, a fonte de renda secou. Sabendo de tudo isso, a estudante de jornalismo evitava programas caros porque tinha a plena consciência de que o seu bolso sofreria o dobro. E o pior: com o consentimento dos pais dele. “Algumas vezes tive que pagar o jantar e o almoço de nós dois, sendo que estávamos com a família dele no restaurante. Já aconteceu de eu ser convidada para uma pizzaria e, no final, a conta ser dividida por todos; eu fui obrigada a pagar a minha e a dele, claro. Depois de um tempo, passei a evitar completamente qualquer saída com eles, não tenho a obrigação de sustentar o filho de ninguém”.

Os presentes eram raros e nem no aniversário Victoria tinha a alegria de ganhar alguma lembrancinha. “Não tinha carta, foto, flor, recado num post-it, nada”, lamenta. No início, ela não se importava em ter gastos duplos, até perceber que o problema era muito mais grave do que parecia. O inevitável aconteceu: ele havia se acomodado. “Meu tio ofereceu um estágio, mas ele recusou porque faltava quase um ano para que ele fizesse intercâmbio, pago com o dinheiro do carro vendido”.

Além de todos esses deslizes, a gota d’água foi quando a avó lhe deu 100 reais e o garoto teve a proeza de gastar tudo com os amigos em vez de chamá-la para sair. “Fiquei irritadíssima e comecei a pensar em quantas vezes os avós lhe deram dinheiro e eu, sem saber, paguei tudo. Ele poderia ter usado essa grana para fazer alguma coisa comigo ou, pelo menos, ter guardado. Para quem nunca tem nada, 100 reais renderiam o mês inteiro”. Hoje, a garota tem outro namorado e, na hora da conta, eles não pensam duas vezes antes de rachá-la. “Se um dia eu precisar, sei que ele vai pagar para mim e, numa próxima, eu pago. Isso é normal”, comenta.

Dinheiro não é algo que esteja caindo do céu para Ariane Moretti, 23 anos, e para seu namorado; mas, em nove anos de relacionamento, isso nunca foi um problema. “Amo o Rafa do jeitinho que ele é e a gente sempre consegue se entender. É claro que se tivéssemos mais grana, tudo seria mais fácil, mas o importante é fazermos as coisas juntos, mesmo que seja ficar em casa”, revela.

Ariane paga a conta de telefone, o convênio médico, além do supermercado, e o namorado ajuda com o aluguel e outras despesas da casa dos pais. “Quando eu estou na pindaíba, apelo para o meu pai, que tem uma condição de vida melhor, mas depois devolvo a grana”, diz. Ela ensina que uma boa saída é combinar programas mais em conta, como ir à casa dos amigos. “Dá para dividir comida e bebida com todos, conversar e se divertir bastante”.

Diamante Negro

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Frase da noite: O tempo e o espaço são modos pelos quais pensamos e não condições nas quais vivemos

Albert Einstein