
Na gestação, carícias e sexo não estão contraindicados - muito pelo contrário!
Não é só porque vem chegando um bebê que é preciso frear a libido. Muito pelo contrário, é possível preservar a vontade – e o tesão! - até o final da gravidez. A estudante Michelle Alves, casada há dois anos, não quis nem saber de folga na rotina sexual. Durante toda a gestação, fez toda questão de manter a chama acesa. "Sempre fui fã de sexo, por isso não quis deixar o cansaço ou o mal-estar me impedir de ter prazer. Claro que tinha dias em que eu estava com um sono enorme, outros em que ficava enjoada, outros com preguiça. Mas transei durante os nove meses, sem grilo nenhum. Tivemos de adaptar as posições, mas isso não foi incômodo. O mais legal era ver a reação do meu marido, conferindo as mudanças no meu corpo, o tamanho da barriga e dos seios. Ele ficava fascinado!", comenta.
Nem todo mundo encara o sexo na gravidez com toda essa naturalidade. Afinal de contas, vivemos às voltas com medos e tabus - que passam de geração a geração e que, na maioria das vezes, não têm fundamento algum. O maior deles é relacionado à “interferência” do pênis na relação: acredita-se que a penetração é prejudicial ao bebê, pois poderia machucá-lo. Ainda mais quando se trata de uma gestação muito esperada. Só que, na verdade, isso é bem difícil de acontecer.
"Enquanto mora na barriga da mãe, o bebê fica protegido por uma bolsa de água, que funciona como amortecedor. Dificilmente o pênis vai conseguir alcançar o útero", explica a ginecologista Martha Marsillac. Ou seja: probabilidade zero de acontecer algum acidente. O mais interessante, de acordo com a médica, é que esse medo é maior entre os homens. “Como eles não podem acompanhar a mulher em todas as consultas médicas, não têm ou não procuram esse tipo de informação”, afirma a médica.
Existem casos, no entanto, em que o sexo com penetração deve ser encarado com restrições, como aqueles identificados nos exames pré-natais: ameaça de parto prematuro, sangramentos anormais ou placenta baixa. Aí sim, o negócio é partir para outras alternativas, como a masturbação mútua ou simplesmente a troca de beijos e carícias. Afinal de contas, não é só porque a participação especial do pênis está suspensa temporariamente que precisa ser decretado o fim da intimidade do casal.
Há mulheres que colocam empecilho para evitar transar durante a gravidez: as mudanças nas formas do corpo. Nem todas gostam de se olhar no espelho e encontrar uma imagem vários quilos mais gorda e com seios avantajados. Foi o que aconteceu com a empresária Alessandra de Almeida, que engordou 20 quilos na gestação: "Era deprimente. Além de viver indisposta, estava gorda e feia. Fui perdendo a vontade de tirar a roupa na frente do meu marido e, conseqüentemente, a de transar também. Ele ficava chateadíssimo com as minhas recusas, mas o que fazer se eu não tinha vontade? Só depois de muita conversa é que eu pude entender que ele não estava nem aí pra isso e que ele não ia deixar de me amar porque eu estava parecendo uma orca", relembra ela.
Outro mito tem relação com o orgasmo. De acordo com a ginecologista Martha Marsillac, muitas grávidas acreditam que as contrações do orgasmo podem deflagrar o trabalho de parto. "É possível que elas tenham uma contração durante o orgasmo, mas isso não significa que isso vá adiantar o nascimento do bebê", tranqüiliza.
E por falar em orgasmos, aí vai uma curiosidade: pesquisas indicam que a gestação também pode ser uma grande oportunidade para conseguir muitos deles. Os responsáveis por isso são os hormônios, cujos níveis aumentam nesse período, fazendo crescer a capacidade de excitação. Outra grande aliada é a corrente sangüínea, que fica mais intensa, principalmente na região pélvica, deixando a vagina mais sensível ao estímulo sexual.
Com jeitinho
Pois é, parece muito divertido, mas o que fazer quando, a barriga já está imensa? "As posições sexuais convencionais podem ser praticadas com tranqüilidade até o quinto mês – desde que com critério, afinal pode haver incômodos ou desconforto - mas depois é preciso adaptá-las. É preciso encontrar maneiras de facilitar a penetração. Sentada sobre o parceiro, a mulher tem mais controle sobre os movimentos. Deitada de lado, com o parceiro encaixado por trás, também pode ser muito prazeroso", recomenda o sexólogo Cássio dos Reis. Claro que, nos dias em que não há pique para uma transa completa, vale adotar outros artifícios. "Fazer massagens, usar as mãos, a boca... tudo é válido", diz o sexólogo.
Para ele, a vida sexual da mulher deve continuar – e muito ativamente – enquanto ela espera a chegada do herdeiro. "O prazer na gravidez é muito importante, principalmente para a auto-estima da mulher. O gozo do parceiro a faz se sentir valorizada, desejada e querida. Além disso, há vantagens para o bebê, pois ele capta os estímulos de prazer que a mãe recebe. E os que nascem de mães sexualmente ativas tendem a ser mais inteligentes, fortes, saudáveis e desenvolvidos", comenta. Mais um bom motivo para manter a temperatura da relação em alta, não é mesmo?
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