- Tome um banho para, antes de se enxugar, levantar os braços bem altos e de olhos fechados deixar os pingos escorrerem lentamente provocando arrepios eletrizantes, numa espécie de manutenção periódica dos pontos "Gs". Você nunca fez isso? Eu faço sempre. O chuveiro é um dos meus maiores aliados na busca do prazer. O chuveirinho então, nem se fala.
- De que forma você alimenta o seu corpo? Vai me dizer que come alfafa com gergelim porque adooora ruminar e ficar cheia de sementinhas entre os dentes? Vamos combinar: você se preocupa em manter a forma para eles. Mantenha a forma que você tem, que você se sente bem. Você é única. Infelizmente, nenhuma mulher cai dentro de uma barra de chocolate sem culpa. Na Páscoa, então, é um desespero. Ou ficou uma semana maneirando nas colheradas de arroz ou vai se controlar a partir do feriado para compensar as calorias que injustamente vêm numas graminhas a mais daquela barrinha de meio-amargo. E haja esteira de academia e haja alface com franguinho grelhado. Pra quê? Não tente se enganar. Você não está nem aí para os elogios da sua mãe.
Pois escute-os. A sua mãe representa e é porta-voz de uma sabedoria milenar passada de geração para geração. Conselhos e palpites maternos podem lhe desagradar, mas estão enraizados numa linha evolutiva feminina: a linha das mulheres da sua família. Você pode até discordar ou pensar diferente deles. Mas para formar uma opinião, mesmo que contrária, precisará entrar em contato com a opinião dela. A essência dela. E ajudará a formar a sua própria essência. O que ela lhe disser e ponderar vale, tem que valer, muito mais do que eu disser aqui ou do seu queridinho do momento. Você é um pedaço dela. Reencontre, refaça essa conexão. O que você é nasceu de onde você veio. E de novo: o que você é reflete na sua entrega e nas suas escolhas.
- Você manda um MSN para o gostoso do seu colega que senta bem na sua frente convidando-o para almoçar e quando ele pergunta o que você sugere, você escreve: "Ah, sei lá, quem sabe eu de entrada e você de sobremesa", e ele topa e o seu almoço num motel é muito mais caliente do que aquele restaurante mexicano que vocês freqüentam semanalmente e vocês voltam para o escritório com o cabelo molhado e todo mundo solta risadinhas pelos cantos e só você não ri porque precisa controlar-se para que os fogos de artifício que estão estourando por dentro não derretam você por inteira. Há certas coisas que são básicas quando bate a fome. Feijão com arroz com certeza não é uma delas. Permita-se.
- Se o seu queridão fica louco se você coloca aquele pijaminha velho e puído de algodão, de quando você tinha 15 anos, fala que você parece uma colegial e tem vontade de devorá-la inteirinha dos pés a cabeça, você joga ele fora? Nem por um milhão de dólares. Você não dá, não empresta, não emoldura, não aposenta, você deixa o pijama intocável ali na gaveta, como um trunfo para chantagenzinhas eróticas, como uma última cartada para garantir uma reconciliação quando a briga for feia, como um aditivo para turbinar rotineiros 'papai-e-mamãe'. Tanto zelo com o pijaminha para não passar frio? Admita: é para suar do lado dele. Ninguém tem nada a ver com os seus gostos e preferências. Menos ainda com os dele. Doem-se. Encantem-se. Satisfaçam vontades mútuas. Seja para o outro o melhor que você puder ser.
- Porque adoramos pirulito, picolé, sorvete, canudinho? Praticidade, fixação na fase oral? Balela. São símbolos fálicos. Treinar a musculatura facial é uma necessidade básica. Ler e fantasiar é uma necessidade básica, ler contos eróticos, então! Fazer curso de striptease, comprar morangos, saber o que os outros andam fazendo entre quatro paredes, tudo, absolutamente tudo o que de uma forma ou de outra nos dá prazer gira em torno de sexo. Sexo com "S" maiúsculo. Uma vez li uma frase que eu adoro e vou ficar devendo a autoria: "A mulher vive em função do homem, nem que seja para negá-lo". Não, não precisamos viver em função deles, mas amamos ser desejadas, cortejadas, elogiadas. Não nego jamais. Pirulito, já!
- Dormir é uma necessidade básica. Não dormir, mais ainda. Quando você vai numa loja de colchão pensando em trocar o seu por um melhor e dá aquela sentadinha e fica pulando para testar as molas e a consistência, confessa: naquele exato minuto você não pensa em sexo? Pensa. O mesmo vale para a cama, ninguém pergunta se a madeira é de boa qualidade porque tem medo de cupim. Pensa na resistência. Pensa num bonitão resfolegando atleticamente sobre o seu corpinho extenuado de tesão e cheio de amor pra dar. E se cair na sua rede um superman com mais de 1,90m? "Ô moço, quanto custa o king size mesmo?". É no espaço pro rala e rola que você pensa. Você não quer saber se vai ter que cortar um pedaço do armário para a camona caber no seu quarto, você quer um playground com direito a balanço, escorregador e vai-e- vem. Porque a necessidade básica, básica mesmo, de uma mulher, é que eles gostem e, muito mais do que voltar, queiram ficar pra sempre.
* Verônica Volúpia é colunista de sexo do Bolsa de Mulher

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