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10/09/2010

Encarando a plateia parte 2

A palestrante Leila Navarro, considerada uma dos 20 maiores palestrantes do Brasil, ressalta que o medo de falar em público chega a superar, muitas vezes, o medo de morrer. "Na verdade, temos medo do ridículo, de errar. Mas quem nunca erra? Aos 20 anos, eu era tímida e meu avô me falou: 'Quando estiver com vergonha, imagine as pessoas que estão te intimidando em uma situação comum, mas constrangedora - no banheiro, por exemplo'. É preciso entender que o outro é igual a você, que erra como você. Não somos nem piores nem melhores que ninguém".

Para Leila, aproveitar as circunstâncias e colocá-las a seu favor é um trunfo. "Tem gente que consegue fazer uso de uma fraqueza pessoal para se comunicar. A vida nos ensina muita coisa, o que a gente tem que fazer é usufruir de tudo e se jogar", opina.

Como reduzir a tensão

Mario Persona acredita que o medo não deve ser eliminado e sim administrado para se transformar em aliado na hora de falar. "Quem fala deve aprender a transformar a adrenalina liberada pelo medo em energia e vigor para a comunicação", esclarece. Quando o nervosismo está acima do normal, uma boa técnica para controlá-lo é não entrar logo no assunto, mas começar falando de si mesmo, de sua família e amenidades. "Isso reduz a tensão do orador e permite que o público o veja como um ser humano e passe a relevar falhas. Além do mais, é muito mais tranqüilo falar sem gaguejar de um assunto corriqueiro. Depois desse aquecimento fica fácil fazer a transição para o tema da palestra", aconselha.

Se a preocupação é com as possíveis falhas no decorrer da apresentação, outra dica é deixá-las claras logo de início. "Ao falar de meus defeitos, não dou a chance de meu público descobri-los - sou eu quem está no controle. Se não há mais nada a esconder, perdemos o medo que as pessoas percebam o que há de 'errado' conosco", argumenta Mario.

Da mesma forma, cuidar da autoestima constantemente é uma ótima preparação para evitar o temor e o constrangimento ao cometer algum erro. Leila Navarro deixa claro que autoconhecimento e autoconfiança são as chaves do sucesso na hora de discursar: "Quem se respeita e se aceita, mesmo com defeitos, naturalmente vai conquistar o respeito e a aceitação dos outros. A injeção de autoestima pode ser feita diariamente, com atitudes simples. Costumo escrever no espelho, de batom, alguma frase poderosa como ' você é a mulher que eu queria ser', para ler quando eu acordar. Programe o seu cérebro para se sentir bem", recomenda a palestrante.

Reduzindo a insegurança

Para reduzir a insegurança, os especialistas recomendam treino, organização e conhecimento - do que será dito e de quem ouvirá. Isso vale tanto para os mais tímidos, quanto para os menos inibidos. "Quando você sabe bem o que fazer, os resultados são mais satisfatórios e é até possível prever as consequências daquele discurso. A timidez, por exemplo, torna-se um problema muitíssimo menor e menos visível se a pessoa dominar a técnica ao falar", garante Ney Pereira, que adverte que a falta de preparação pode resultar em graves riscos à imagem.

Outro ponto essencial é conhecer a platéia, saber para quem você vai se dirigir. "Um lutador não pode entrar no ringue sem conhecer a fundo o adversário", compara Ney. Mario Persona reforça a opinião: "Quem fala em público está ali como quem vai vender um produto, que são suas idéias. Isso deve ser feito da maneira que traga melhores resultados e maior satisfação para os ouvintes".

Preparativos à apresentação

Como se preparar adequadamente antes de uma apresentação? Há diversos cursos, palestras e profissionais que podem ajudar nesta atividade, mas a própria pessoa tem várias formas de treinar a si mesmo."Qualquer pessoa pode ensaiar na privacidade de seu quarto, diante de um espelho, para analisar sua postura e expressões, além de timbre de voz e articulação das palavras. Se der para filmar a si mesmo, poderá analisar o resultado, fazer correções e pedir críticas e sugestões à família", indica Mario Persona.

Já Ney Pereira faz questão de salientar que a oratória, embora seja de vital importância, não pode ser a única coisa a ser levada em consideração. "Para apresentar-se profissionalmente é necessário saber, também, como persuadir o outro, usando a voz e a postura no sentido estratégico", avalia.

Ele lembra que o sucesso de um discurso vai depender de três fatores: o físico (cuidar e treinar a voz com exercícios fonoaudiológicos, controlar a gesticulação, manter uma boa postura), o emocional (a audiência deve se identificar com o orador e com suas palavras), e o cognitivo (ser informativo e objetivo, deixando claro os benefícios que a platéia terá ao ouvir o apresentador).

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