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30/08/2010

Carreira ou familia? part 2

Vários aspectos devem ser levados em consideração quando se pensa em formar uma família, como o número de filhos que se deseja (é muito mais viável administrar as coisas com duas crianças do que com cinco), quem vai buscá-los na escola e em cursos, quem vai tomar conta deles quando estiverem em casa, há toda uma logística incluída nesta decisão.

"Tudo deve ser bem esquematizado, porque o empregador pode entender da primeira ou segunda vez que precisar se ausentar, mas se for uma constante você correrá riscos. Não tente resolver com o famoso 'jeitinho'. Se o seu filho sai da escola às 17h30 e você tem de pegá-lo, não pode trabalhar em um local com horário até às 18h ou onde horas-extras são frequentes. Também não adiantará ter alguém que pode pegá-lo duas vezes por semana. Isso cai na questão da escolha. Quando decide ter um filho, deve pesar o fato de que você poderá ter que abrir mão da ascensão profissional em alguns momentos", alerta a consultora de RH Diana Mochcovitch.

“Como a mulher é a única que usufrui licença-maternidade, terá sempre esta desvantagem em relação ao homem. Se quiser crescer na carreira, deve competir de igual para igual, colocando-se disponível como um homem o faria”

Antes mesmo de o bebê nascer, há um outro fator a ser considerado: o afastamento da empresa. A legislação brasileira diz que a mulher tem direito a 120 dias de licença-maternidade (a lei que amplia o período para 180 dias é facultativa). Além disso, muitas mulheres tiram férias logo após este período, o que totaliza cinco meses fora do mercado. Sem dúvida, uma fase importantíssima de entrosamento entre a mãe e o recém-nascido, que envolve entre outras a questão da amamentação, benéfica e necessária à saúde do bebê.

Entretanto, a relação estabelecida entre empresa e funcionário é meramente profissional. "Emprego é uma coisa fria, não há relações pessoais. O empregador não tem nada a ver com a visão umbilical que a mãe desenvolve em relação ao filho. A empresa não pára. Se outra pessoa na mesma função rendeu mais do que quando você estava ali, há chances de ser substituída. Não é nada contra a pessoa, mas tem sempre alguém com destaque maior em cada momento, isto é próprio da dinâmica do trabalho", comenta Diana.

A consultora diz que os motivos de afastamento podem ser vários, como uma doença ou um curso no exterior, e não necessariamente isto ocorrerá devido à gravidez. "Mas como a mulher é a única que usufrui licença-maternidade, terá sempre esta desvantagem em relação ao homem. Se quiser crescer na carreira, deve competir de igual para igual, colocando-se disponível como um homem o faria", esclarece.

Organização, compreensão e parceria

Assim, não deve ser o caso de se desistir do sonho de ser mãe, mas apenas avaliar quando será o melhor momento. Talvez voltar mais cedo às suas funções seja uma possibilidade. Para a empresa, pode ser interessante tê-la de volta antes do prazo, mesmo que seja por meio período. E tenha sempre em mente as três palavrinhas mágicas: organização, compreensão e parceria. Até porque, para que seus filhos e seu companheiro adotem a tríade, você tem que ser a primeira a praticar. Dê o exemplo!

No mais, relaxe e não tente projetar todos os segundos do seu dia. Enquanto planejamos, a vida está acontecendo lá fora. Muitas vezes novos componentes surgem e nem sempre tudo sairá como foi pensado e tudo bem. O fator surpresa serve para dar um tempero de vez em quando. Beatriz e Vanessa definitivamente concordam. "Viajei, fiz muitos cursos, consegui o tão desejado estágio em um hotel em Las Vegas e quando voltei para o Brasil tinha vivência internacional, fluência em inglês e uma experiência que nunca conseguiria aqui. Sofri sim, quando terminei o namoro, mas foi muito bom ter observado estas atitudes naquele momento. Imagine se eu casasse com aquele sujeito! Estaria muito infeliz", finaliza Bia.

E Vanessa não poderia estar mais satisfeita com o desfecho de sua situação. "Fiquei assustada, pois minha vida estava toda esquematizada. Como trabalhava em um estúdio de condicionamento físico, pegando muito peso o dia todo, tive de sair do emprego. Também enjoei muito durante a gravidez. Mas não me arrependo de nada. Acabei descobrindo uma atividade paralela à minha profissão: o artesanato. Sempre gostei de fazer brincos e cordões, mas nunca tinha pensado em ganhar dinheiro com isso. Por ficar muito em casa, devido aos enjôos, comecei me dedicar e logo tinha muitas peças. Decidi colocá-las em exposição e deu certo, tanto que não parei mais. Mas o principal é a Luiza. Ela é tudo na minha vida. Está com dois anos e é a nossa paixão. Não imagino minha vida sem ela", relata Vanessa.

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