Jovens estrangeiros

Você não precisa ter viajado o mundo inteiro para saber que diferentes países apresentam distintas culturas. Enquanto em Buenos Aires, na Argentina, jovens também se preocupam com o bafômetro na hora de voltar da noitada, alemães bebem em parques públicos durante o verão antes de seguirem para as discotecas.

Isso não quer dizer que sejamos diferentes por completo. Talvez graças à globalização, dilemas e rotinas de jovens pelo mundo começam a ficar cada vez mais parecidos, estejam na América ou na Europa. Com o objetivo de comparar diferentes juventudes, selecionamos aqui alguns jovens de países diferentes para mostrar que, com certas diferenças, somos no fundo parecidos.

Alemanha
A Alemanha é conhecida, principalmente sua capital, Berlim, pelos clubes noturnos de música eletrônica. A agente social Franziska Vasconi, 25, no entanto, vai à contramão desse estereótipo. “Eu gosto de sair. Geralmente me encontro com amigos em casa ou vamos para um bom bar. Não vou muito a clubes noturnos, porque não gosto da música desses lugares”, explica. No verão, aliás, o ponto de encontro se transfere para algum parque público da cidade na qual mora, Darmstad.

Já formada, Franzi, como é chamada pelos amigos, conta que é muito comum em seu país que jovens trabalhem como garçons, babás e outras funções de menor requisito educacional para ganhar algum dinheiro enquanto estudam. Nada que ocupe muito tempo, porém, por questões burocráticas.

“A maioria dos que eu conheço trabalha apenas algumas horas por semana. Estudando você não tem tempo para trabalhar meio período e nem a experiência para profissões e cargos mais exigentes. Tem também a ver com questões relacionadas ao seguro saúde e impostos. Como estudante, você está assegurado junto à sua família. Já quando você trabalha uma certa quantidade de horas por semana e ganha determinada quantia de dinheiro, você tem que pagar pelo seguro e pelos impostos. Isso não vale muito a pena na maioria de trabalhos que se consegue como estudante, porque você não recebe tanto dinheiro”, explica.

Logo após sair do colegial, no entanto, os homens são obrigados a prestar serviço militar. Quando eles se recusam a isso, têm que se sujeitar a algum serviço social por um ano. “Portanto, eles não vão diretamente para a universidade”, diz. Em um mercado de trabalho mundial cada vez mais competitivo, contudo, “a maioria começa a universidade assim que consegue”, afirma.

Mas e quanto aos dilemas enfrentados pelos jovens alemães? Segundo Franziska, na lista dos maiores figura a “educação e busca por empregos”. Algo familiar com o Brasil, não? “Durante os últimos anos, o sistema educacional da Alemanha foi virado de ponta cabeça. Políticos querem que as escolas sejam mais eficientes e que as crianças aprendam mais. Todos estão muito preocupados com as notas e deixam de lado o bem estar dos pupilos”, analisa essa jovem que trabalha com educação. “Muitos jovens, especialmente os mais pobres, têm problemas no ensino e na busca por trabalhos”, conclui.

Argentina
Argentino da gema, - nascido em Buenos Aires, onde vive atualmente - o estudante de Administração de Empresas Juan Casper, 24, sabe bem o que é o dilema da escolha de uma carreira profissional. Ao completar os estudos de 2º grau, esse rapaz optou por seguir o curso de Administração pela Universidade de Buenos Aires (UBA), uma instituição pública. Por lá ficou dois anos, saindo antes de se formar em razão da “desorganização”. “A UBA Não era para mim. Se for estudar em uma universidade pública, você pode cair em uma sala que tem 400 pessoas. Eu já vi alunos de pé tomando nota”, relata o jovem.

De lá, Juan foi estudar Hotelaria, desta vez em uma universidade particular. Durante o processo, no entanto, desiludiu-se tanto com a faculdade quanto com a carreira e decidiu regressar ao curso antigo, mas em outro estabelecimento de ensino “muito bom, com professores prestigiados”. Agora, ele está à procura de emprego. “O pessoal daqui costuma trabalhar e estudar ao mesmo tempo. Mesmo com a crise, sempre tem alguma oportunidade”, diz. Assim como no Brasil, segundo o rapaz, na Argentina há diversos cursos noturnos, facilitando esse processo.

O “mais importante” na hora de conseguir um bom trabalho, porém, “é ter contatos”. De acordo com o jovem, a idade com a qual uma pessoa se forma é pouco relevante em processos seletivos naquele país. “Aqui o pessoal sempre pede por experiência”, conta. Isso, contudo, não deixa de preocupá-lo. “Tenho que me formar logo, porque perdi muito tempo”.

Mas enquanto o diploma não chega, a receita é se divertir. É aí que entra o Reggeaton, ritmo musical latino com batidas e letras sensuais. “Agora [o Reggeaton] virou moda, então até as baladas mais chiques tocam um pouco”, afirma Juan. Isso e Fernet com refrigerante cola, drinque que tem como base a bebida alcoólica de origem italiana, fazem a noitada de muitos argentinos. Juan, no entanto, é fã de vodca com energético. “O pessoal de nível social mais alto bebe, de longe, mais vodca com energético. Às vezes até champanhe com energético. Fernet é mais no interior”, conta o rapaz.

Ainda que de outra nacionalidade, argentinos também ficam bêbados. E, tal como no Brasil, conduzir veículos nessa condição é ilegal. Recentemente, aliás, assim como aqui, a fiscalização de motoristas embriagados aumentou, de acordo com Juan. Para evitar problemas, então, o rapaz diz utilizar muito o táxi como veículo para as noitadas. A não ser, claro, quando o dinheiro na carteira é em menor abundância. Aí é comum que jovens portenhos lancem mão do transporte público. “Eu já voltei várias vezes de ônibus por estar sem grana depois de ter bebido minha carteira inteira. Ônibus tem a noite inteira, dá mais liberdade para o pessoal. É comum e é seguro”, ensina. “Estrangeiros usam muito”.

Para o futuro, Juan, que vive com seus pais, projeta um cenário bem-sucedido em seu país, assim como a maioria de seus amigos. Isso não exclui a possibilidade de, novamente, viver em outro lugar – ele já viveu no Brasil por alguns anos. “Vou ver se dá para crescer dentro da empresa que estiver trabalhando. Se tiver boas chances, fico. Caso contrário, gostaria de morar fora da Argentina”, sonha o jovem.

Diamante Negro

Rico vai ate a pessoa e descobre que aquela pessoa é
seu ex namotado

Frase da noite:

Ter um bebê é assumir a maior responsabilidade e a alegría mais absoluta que a natureza nos dá.