Dando um tempo

Essa história funciona ou é enrolação?

Quando pensamos em fazer essa matéria, já tínhamos na cabeça que essa história de dar um tempo é a maior enrolação do mundo, que as pessoas só fazem isso pra não terminar de cara ou pra poder curtir um tempo sozinho – na farra – sem nenhum problema. Mas fomos procurar pessoas que já tinham passado pela situação. As primeiras respostas que recebemos foram:

"Dar um tempo é um 'eu quero terminar contigo mas não quero te dizer isso nessas palavras para você não chorar'", disse Ana Paula Napoleão, de 16 anos.

Mas então, para nossa surpresa, um garoto mostrou como um tempo pode ser complicado e pode machucar quem está esperando esse período passar.

"Estou esperando por essa resposta faz 8 dias... Não sei ainda se funciona, mas que está complicado de aguentar, está! Saudade é um sentimento horrível que só quem ama conhece", explicou Denis Ramos.

Se você já passou por isso, sabe bem como é a espera até que a outra pessoa comunique o que decidiu, que te conte o que descobriu nesse tempo. E por isso nós conversamos com duas garotas que já passaram pela experiência e se deram muito bem com esse tipo de manobra para salvar o namoro.

Tempo salvador
Débora Costa e Silva é jornalista e quando perguntamos se ela já tinha usado essa tática do tempo para salvar um namoro, a resposta veio em meio a risos: “Três vezes!”. Sendo assim, vamos ver o que aconteceu na história dessa garota.

Ela namorava um cara da mesma classe que ela na faculdade, então não tinha como fugir, se viam todos os dias. “Fez bem. Pra cada um pensar, dar um tempo um do outro... E voltava sempre melhor”, explica. Mas quanto durava cada tempo desses que ela passou? “Uma vez demos um tempo de verdade, dois meses, e voltamos. Nossa, foi maravilhoso, meu namoro foi outro!”, orgulha-se.

Para Débora, o tempo serve para entender melhor os sentimentos quando se tem alguma dúvida – o que é totalmente comum nos relacionamentos. Ela também acredita que se o casal briga muito, essa manobra é uma boa saída - “Cada um fica um tempo na sua, revê suas atitudes, pensa nos motivos do outro quando discutiu com você, sente falta do outro e valoriza mais a outra pessoa. E aí volta mais maduro”.

Mas e se nesse tempo a pessoa notar que o certo é terminar de vez o relacionamento? “Ótimo, porque aí não será também uma atitude precipitada”, afirma. Nossa entrevistada aconselha o tempo para casais que ainda não têm certeza do que sentem ou que têm um namoro muito conflituoso, porém não apoia quem usa o tempo para tomar coragem de terminar. “Geralmente quem faz isso acha que está preparando melhor a pessoa, que o namorado vai sofrer menos porque você deu um tempo antes. Aí é sacanagem! A pessoa vai sofrer cedo ou tarde, que sofra de uma vez e ninguém engana ninguém!”

Débora acredita que o segredo é “sempre abrir o jogo e conversar com a outra pessoa a real da situação, doa a quem doer”. Deu certo pra ela, será que daria pra você?

Cada pessoa, uma história
Fernanda Carpegiani também é jornalista e tem duas histórias para contar: uma com o ex-namorado e outra com o atual. Vamos ver como as coisas podem mudar apenas dependendo da pessoa que vive o tempo com você!

“No meu antigo namoro, a decisão foi minha. Estávamos juntos há um ano e brigando demais. Já tínhamos tentado de tudo para melhorar”, explica Fernanda. Ela diz que nunca foi a favor da ideia do tempo, mas que achou que essa seria a única opção. Já na segunda vez, a decisão foi do namorado dela. “Namorávamos há pouco menos de um ano e eu passava por uma fase difícil em casa, problemas com a minha mãe. Estava grudenta e carente e ele se sentia sufocado. Disse que me amava, mas que naquele momento não dava pra ficarmos juntos, pra darmos um tempo e ver se ainda tinha jeito. Eu fiquei arrasada. Chorei demais, briguei com ele e fiquei dias deprimida”, confessa.

Na primeira vez, a separação durou apenas uma semana, apesar de o casal ter imaginado que seria mais longa e os dois se falavam muito por telefone, achando que tudo daria certo. “Quando voltamos, percebi que o tempo tinha sido um prelúdio do fim do namoro. Daí pra frente as coisas só pioraram: mais cobranças, mais inseguranças, e toda vez que alguma coisa acontecia, ele me jogava na cara que eu tinha dado um tempo. O sentimento de rejeição contaminou o relacionamento”, relembra.

Já com o namorado atual, as coisas foram diferentes. Um mês separados sem se falar ou se ver, até que Fernanda resolveu ligar e os dois marcaram um café para a semana seguinte. Eles retomaram o contato, mas, segundo ela, foi muito complicado. A volta foi gradual e com muita conversa. “Passamos a nos respeitar mais. Ele passou a ser mais atencioso e eu aprendi a cobrar menos. Até hoje eu tenho um pouco de trauma por causa desse tempo, pois me senti muito mal”. Fernanda assume que chorou muito, se sentiu mal porque os problemas na família se uniram ao tempo no namoro, mas também nota que cresceu com as dificuldades e aprendeu mais sobre ela e seus relacionamentos.

O antigo namoro durou ainda quase dois anos, por insistência do casal. “Depois do tempo, terminamos umas duas vezes e sempre que voltávamos a coisa piorava, só que tínhamos criado um vínculo muito forte, então não conseguíamos nos separar de vez”. Mas e o namoro atual, como anda? “Bom, ainda namoramos e vai fazer dois anos agora em abril. Posso dizer que o tempo foi ruim porque sempre é, mas com certeza ajudou em algumas coisas”, finaliza.

Se pra essas garotas o tempo colaborou, será que seria bom pra você também? Você já tentou? Comente!

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