As vesperas do carnaval

É MUITA MANCADA TERMINAR O NAMORO NESSA ÉPOCA

por que estás tão triste? Mas o que foi que te aconteceu? Foi meu gatinho que me deixou de lado, deu dois 'tchauzinhos' Fevereiro de 2009, uma semana antes do carnaval. Personagem 1 diz: "Mamãe não quero, mamãe não quero, mamãe não quero namorar! Vou terminar, vou terminar, vou terminar para poder me esbaldar". Personagem 2, às amigas: "ó jardineirae se escafedeu". Personagem 1, agora livre: "ó abre alas que eu quero passar. Ó abre alas que eu quero passar". E foi assim que acabou. Mas será que romper uma relação às vésperas do carnaval é muita cara de pau?

Para o fotógrafo Alex Takaki, 22, depende. Se o motivo da separação for a festa, a atitude chega a ser mais do que cara de pau: "é um absurdo". "Eu acho uma falta de respeito esse tipo de coisa", afirma. Agora se o fim do comprometimento próximo ao carnaval só refletir um namoro que já andava mal, "tudo bem". "Se o carnaval não for o motivo, aí é outra coisa", explica. Aí sim é legítimo cair na farra. E foi o que ele fez após ser abandonado pela namorada no meio da festa mais popular do Brasil em razão de uma crise de ciúmes. "Fiz mal, mas estava no carnaval, não é? Não tinha outra opção para mim, ela que me deixou lá", se defende

"Eu estava na casa com meus amigos e ela ficava exigindo mais atenção, mas eu não podia ficar só com ela, tinha que enturmar as pessoas", lembra. O problema só ficou maior quando o rapaz começou a encontrar amigas e antigas namoradas. "Eu não ia ser mal educado de não cumprimentar, então dava oi. Só que teve uma hora que ela não aguentou, pegou as malas e foi embora", conta.

Outro que compartilha do ponto de vista de Alex é o universitário Leandro Sequeira, 23. Isso não quer dizer que ele nunca tenha pensado em fazer isso. "Caso o motivo real do rompimento seja apenas sair para a pegação, aí é sacanagem. Eu nunca fiz isso, mas já tive muita vontade uma vez", diz. "Foi no ano passado. Nosso relacionamento estava longe dos melhores momentos e o carnaval estava chegando, ou seja, aquele clima de festa, alegria...", recorda. Foi então que pensou: continuar a relação na esperança de que ela pudesse melhorar, por respeito à garota, ou chutar tudo para o alto e curtir as marchinhas? Ele optou pela primeira opção, mas o namoro acabou logo depois que voltaram de viagem.

Leandro, porém, afirma não ter se arrependido. "Eu descobri que apesar de ela ter se dado muito bem com todos os meus amigos, nós não daríamos certo. A rotina de dormir e acordar ao lado dela me fez perceber isso", explica.

Mas nem todos são tão 'nobres' assim. Muitos garotos dão sim um ponto final à relação para irem para a gandaia. E alguns deles conseguem reengatar a relação no retorno. Como conseguem? "Com a lábia", ensina Maurício C., 17. Este estudante conta que, no ano passado, foi celebrar a farra com amigos em uma cidade no interior de Minas Gerais e, por ter ouvido que lá a "pegação rolava solta", resolveu dar um tempo com sua companheira de seis meses.


"Eu lembro que falei que queria curtir o último ano de colégio com os amigos, que não queria ter que me preocupar em deixar ninguém magoado e, para isso, seria melhor que cada um curtisse aqueles quatro dias sozinhos", conta. "Aí quando voltei eu liguei para ela, falei umas coisas do tipo 'ah, lá eu descobri que posso ficar com várias, mas que nenhuma seria igual a ela' e pronto, voltamos", se diverte. "Tem que ser malandro", se gaba. A relação, no entanto, não durou muito . A menina descobriu uma traição e, apesar de Maurício insistir que aquilo nunca mais aconteceria, ela deu um ponto final. "Ela também não era boba, né?", questiona. Não mesmo. Já o conhecia de outros carnavais.