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19/11/2008

Budismo urbano: meditação em qualquer situação

Em um mundo agitado e cosmopolita como São Paulo, imagina-se que deve ser quase impossível meditar e se concentrar em meio a buzinas, fumaças e correria. Mas há pessoas que seguem um estilo de vida que consegue transformar essa cidade agitada em concentração, sem se importar com o que acontece ao seu redor: os budistas.As teorias básicas desta filosofia de vida são: evitar o mal, fazer o bem e cultivar a própria mente. E para isso é necessário cuidar do corpo e da mente. Alimentação, saúde, felicidade, são coisas primárias que precisam ter seus cuidados. A vereadora Soninha Francine, 41, mora na cidade de São Paulo e é adepta dos ensinamentos budistas desde 1995. “Convivendo com alguns colegas budistas, eu ficava impressionada com o jeito sereno com que eles levavam a vida. Diante de qualquer situação eles não saíam do sério! Pelo contrário. Em vez de ficarem com raiva, perguntavam calmamente o que poderiam fazer para resolver o problema. E não era apenas um discurso, eles agiam mesmo daquela forma. Percebi, então, que eu queria sofrer menos de raiva, ter uma vida mais saudável e equilibrada. Eu queria melhorar.”Soninha, que teve uma educação católica, optou pelo budismo pela busca de ser uma pessoa melhor. E mesmo com a agitação da cidade, ela consegue colocar em prática os ensinamentos da religião. “Eu tenho um altar em casa e gosto de ir ao centro budista. É importante ter um ambiente "favorável" à meditação, sem muitos ruídos, sem muitas distrações. Mas o certo é ser capaz de meditar em qualquer situação, na estação rodoviária, em um avião em queda, na arquibancada do estádio de futebol e até no meio da confusão de São Paulo.”A vereadora assume que muitas vezes não tem os cuidados necessários com a alimentação, mas que procura comer em lugares que têm comidas saudáveis. “Procuro ir ao vegetariano, japonês ou restaurante árabe. Existem ótimos na cidade.” Além de manter uma alimentação saudável, a religião tem outros princípios.“Não podemos causar mal a outro ser. Com palavras, ações, ou até pensamentos. Fazer mal a si mesmo, desperdiçando a preciosa vida humana, também é errado. E é preciso ter discernimento e honestidade para avaliar o que é "causar mal"... São regras muito rigorosas, mas ao mesmo tempo sujeitas ao arbítrio de cada um”, explica Soninha.O Budismo é uma religião e filosofia que segue os ensinamentos de Siddhartha Gautama, que viveu aproximadamente entre 563 e 483 a.C. no Nepal. Filho de rei, Siddhartha teve fortuna e ensinamentos reforçados. Aos 29 anos, saiu de seu palácio para conhecer o mundo e viu miséria, doenças e a morte. Desde então, ele decidiu trocar tudo o que tinha pela busca do caminho que leva ao fim do sofrimento. Durante seis anos, Siddhartha praticou o ascetismo. Para se alimentar, tinha apenas um pouco de arroz e água da chuva. Mas, quando percebeu que isso não traria o fim do sofrimento, abandonou esse estilo de vida.Siddhartha foi para uma região conhecida como Círculo da Iluminação em Bihar, onde os iluminados do passado atingiram o despertar. E lá, próximo ao rio, sentou-se em meditação sobre a grama e jurou para si mesmo que só se levantaria após atingir a iluminação. Durante sua permanência ali, sua mente foi assolada por vários tipos de sentimentos e sensações perturbadoras, mas mantendo o equilíbrio interior, continuou a meditar. Aos 35 anos, Siddhartha realizou sua própria natureza búdica e, conseqüentemente, compreendeu o sofrimento, sua causa, sua extinção e o meio para extingui-lo. Siddhartha alcançou a iluminação e passou a ser conhecido como o Iluminado (Buddha).

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