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30/09/2008

Medo da sujeira: “Só me apoio no ônibus de luvinha”


“Eu tenho muito nojo de qualquer tipo de sujeira”. Assim começa a entrevista com Kelly Souza, uma estudante de 22 anos, que deveria chamar a atenção por algumas curiosas atitudes, mas que na verdade passa despercebida na correria do dia-a-dia. Ela anda todos os dias de ônibus e (acredite!) coloca uma luva para não ter que entrar em contato com as bactérias.Segundo uma pesquisa da Faculdade de Medicina da Santa Casa, a concentração de bactérias nos locais onde os passageiros apóiam as mãos é 10 mil vezes maior do que a quantidade aceitável. Foram identificados 15 tipos de microorganismos, entre eles, os coliformes fecais. E das 120 amostras colidas em 40 ônibus, todas tinham bactérias.“Só me apoio no ônibus de luvinha. E às vezes quando tem lixo no chão, tipo garrafa de água, eu pego e jogo no lixo, lógico que pego com a luva, né? Eu uso luva de todos os tipos, as descartáveis também, só que suam muito mais, a mão fica mais quente do que com a luva de lã. Nestes dias de frio eu estava usando de lã pra disfarçar um pouco”, conta.Mas Kelly consegue achar uma justificativa para essa atitude. “Outro dia, um cara sentou do meu lado e ficou tirando sujeira da orelha e do nariz o tempo todo. Mais de 40 minutos fazendo isso. Quase morri!” Segundo ela, a maioria das pessoas nem percebe que ela está de luva por causa do nojo que sente de se apoiar no ônibus. “Algumas me perguntam como eu machuquei a mão. Poucas pessoas percebem que é por nojo, só quando é a luva descartável.”No Orkut é possível encontrar comunidades como “Eu tenho nojo do ferro do ônibus” e “Eu tenho nojo de barra de metrô”, com pessoas dando outras alternativas para escapar das bactérias. Algumas preferem segurar nos outros quando o ônibus freia, outras seguram com as pontas dos dedos, com um pedaço de papel, se apóiam apenas com o corpo e um anônimo conta que já usou luvas de plástico (segundo ele, daquelas de cachorro-quente).Para os responsáveis pela pesquisa da Santa Casa, o importante mesmo é que as pessoas lavem bem as mãos depois de se apoiar no ônibus, pois o perigo está na contaminação dos olhos e dos alimentos pelo contato com as mãos sujas. Mas para Kelly, o problema é ainda maior: “Eu não sei por que, mas o problema é eu segurar, entende? O nojo é colocar a mão ali. Todo mundo me fala: é só lavar a mão depois! Mas eu não consigo”.E o que não falta é criatividade para se sair da melhor forma nessas ocasiões: “Sabe o que eu faço? Eu sempre procuro pegar o ônibus em um ponto de uma rua reta. Assim dá tempo de eu passar a catraca e sentar até o ônibus fazer uma curva, por exemplo”, diz.De qualquer forma, Kelly não considera isso uma doença e fala com bom humor das “frescuras” que tem com qualquer tipo de sujeira. “Eu sempre tive isso, desde criança. Meus irmãos me zoavam muito por causa disso e eu tenho outras mil manias, coisa de louco mesmo.”

Um comentário:

Anônimo disse...

que seja coisa de louco n. As pesquisas tão aí. Muitas das bactérias que encontramos em onibus, metros e telefones publicos saõ patogênicas e nem todos lembram de lavar as mãos depois de utilizar o onibus ou o telefone publico. Acho que, salvo certos exageros, todos tem que se cuidar sim e prestar bastante atenção na higiene pessoal a fim de evitar problemas para si e para os outros.